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ENCONTRO DE MIGRAÇÃO – OFMCAP


ENCONTRO DE MIGRAÇÃO – OFMCAP
Local: Ñaña, Lima, Peru. Data: 05 a 11 de setembro de 2011

O encontro interamericano de capuchinhos que aconteceu em Lima, num bairro do subúrbio dessa capital chamado Ñaña, no Peru, teve a duração de sete dias. Participaram 40 frades desde o Alasca até a Terra do Fogo na Argentina. De todos os países das Américas tinha um representante. O coordenador geral foi o Frei Bernd Beermann (alemão), juntamente com 3 Definidores Gerais: frei Mark Schenk (EUA), frei José Gislon (Brasil) e frei Carlos Novoa (Argentina). Também participaram o Secretário Geral da Animação Missionária, frei Helmut Rakowski e o Frei indiano (não me recordo o nome) coordenador geral da comissão de justiça, paz e ecologia. Os tradutores frei Fernando Ventura e frei Gianpiero Gambaro. A estes, uniram-se frades da Província do Peru, que participaram, ajudando no aspecto logístico do Encontro e na animação litúrgica.

No primeiro dia, a reflexão se deu ao entorno dos aspectos sociológicos da migração. O assessor foi o jesuíta Padre Rafael Moreno. Seu foco foi estatístico. Trouxe-nos numerous sobre a migração no mundo inteiro. Chegou-se a uma conclusão: tem milhões de pessoas fora de suas terras em busca de uma vida melhor no estrangeiro. Muitos na ilegalidade, passando fome, associando-se ao tráfico, à prostituição, à assaltos. Outros vivem na clandestinidade, tendo de fugir todo dia das polícias de imigração. Porém, esses delinqüentes são poucos em relação às pessoas honestas que migram, eminentemente, para trabalhar. No período da tarde, o padre Daniel Groody da Congregação da Santa Cruz, teólogo norte-americano e que trabalha com o tema teologia e migração, passeou pelas Sagradas Escrituras fundamentando a migração no Antigo Testamento e suas relações com a migração hoje. A grande reafirmação deste dia: somos todos migrantes rumo à pátria celeste.

No segundo dia, o tema foi o fundamento espiritual da migração. O mesmo assessor, padre Daniel Groody, aprofundou o tema do estrangeiro na Bíblia. Pela tarde, foi o momento de perceber a migração na Ordem dos Capuchinhos com o historiador da Ordem, o espanhol frei José Ángel Echeverría. Nos primórdios de nossa origem capuchinha, nossa missão foi cuidar dos migrantes em todos os lugares onde chegavam a “Propaganda Fidei”. Está em nossas raízes mais profundas o cuidado com os irmãos migrantes, o que precisamos resgatar urgentemente.

No terceiro dia, estudamos os aspectos eclesiológicos e as abordagens pastorais da migração. O assessor foi frei Luiz Carlos Susin, da Província do Rio Grande do Sul. Seu foco se deu no magistério da Igreja, nos documentos dos papas. No período da tarde, 4 frades contaram sua experiências cotidianas com migrantes: 2 do EUA, 1 do México, Frei Paulo Maria de Manaus. O que nos toca, em quanto brasileiros, é a entrada dos haitianos por Manaus e que são acolhidos pelos capuchinhos daquela circunscrição. Já somam mais de 1000 migrantes haitianos e mais de 1000 peruanos nas regiões das fronteiras. Esses confrades se sentem impotentes diante da demanda e estão clamando por ajuda de pessoal e de dinheiro. Pela noite, fomos visitar uma comunidade eclesial de base e ouvir as experiências do povo peruano sobre a migração. Relatos tristes de busca por terra, de fome, de invasões, de perseguições, sobretudo, no tempo do terrorismo naquele país. A história deles é semelhante à história do nosso povo brasileiro, de luta pela terra, por uma vida mais digna. Era um povo muito pobre, mas muito feliz. Ao final do encontro, ofereceram-nos uma comida típica peruana à base de batatinha e pimenta.

No quarto dia, trabalhos os aspectos jurídicos da migração, porém, o foco foi direito dos EUA, o que não interessou aos demais participantes porque ficou muito particularizado. Em seguida, o tema aprofundou a questão da situação legal dos migrantes nas Américas, mesmo assim, o foco foi EUA. Essa foi a falha do encontro: só ter pensando na migração a partir dos EUA. Pela tarde, houve um psicodrama sobre a migração, muito interessante e que repercutiu demais ao longo das reflexões. Foi uma simulação de migração com mulheres cobiçadas para prostituição, um padre, a polícia, um cidadão que não aceitava migrantes, enfim. Deu para criar estratégias e pensar numa nova abordagem para o tema.

No quinto dia, elaboramos os projetos viáveis para o trabalho com migrantes. Cada país fez o seu e tudo foi partilhado em seguida. A noite, fomos a um restaurante de comida peruana na praia de Chorrillos, onde os frades têm duas paróquias e foi um momento de descontração muito bom.

No sábado, dia livre para conhecer a cidade de Lima. E no domingo, retornamos para nossas circunscrições.

Salvador, 19 de setembro de 2011
Frei Mário Sérgio dos Santos Souza
Representante da PROBASE em Lima

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